Uma das partes fundamentais de qualquer actuação musical são os coros. Desta forma, tentámos perceber o papel que as backvocals têm ao nível da performance e a escola que as mesmas podem ser para a formação artística de quem as faz, dado que muitas das protagonistas desta edição passaram por essa experiência.
Petra Camacho faz coros há três anos. Garante que "é muito mais simples" fazê-lo, do que ter um maior destaque, pois desta forma sente-se "mais calma". "O intérprete está sempre com aquela carga em cima, de que tem de correr bem, se a música ganha ou não e nós estamos ali descontraídos só para dar o nosso melhor e fazer com que aquilo brilhe naquele momento", explica.
Por sua vez, Carla Ribeiro, artista que também tentou levar ao festival deste ano a música "Só Acontece Uma Vez", corrobora com esta opinião, afirmando que "o suporte musical é muitas vezes a parte da harmonia vocal que está a ser feita por coristas", sendo comparável à importância de um instrumento. Na opinião da cantora, o importante é fazer o que mais se gosta na vida, sendo irrelevante a forma como o faz, pois "ser coro ou ser voz principal continua a ser cantar".
Um percurso assimétrico ao das duas cantoras teve Evelyne Filipe. Após ter feito coro para o tema "Senhora do Mar (negras águas)", em 2008, e de ter participado como voz principal, em 2010, com a canção "A Tua Voz (por um momento)". Regressa, este ano, aos coros, desta vez com Carla Moreno, no tema "Sobrevivo (set me free)". Para a cantora "é sempre maravilhoso" voltar ao festival até porque acredita que é "um trabalho sempre feito por paixão". Apesar disto, a corista considera que "estar à frente dá muito mais trabalho". "Há menos responsabilidade porque não estamos a dar a cara, mas também estamos a ajudar alguém", argumenta, acrescentando que o faz por gosto.
A dificuldade está em coordenar vozes, não em soltar a voz ao ritmo da música
Noutra posição estão Carla Moreno, Filipa Ruas e Tânia Tavares, que se apresentam como cantoras principais pela primeira vez, tendo deixado para trás experiências em coros nos anos anteriores.
Tânia Tavares participa em coros desde pequena. A intérprete afirma que ser protagonista "é um desafio muito grande", uma vez que cai em si toda a responsabilidade da performance. "Mas é uma sensação boa, como é óbvio", admite. A artista fez parte do coro das Ouro, em 2010, e da actuação de Filipa Baptista, no ano anterior. Agora, ao apresentar-se como intérprete principal, Tânia Tavares concorre com artistas importantes da música portuguesa, garantindo que, mesmo estando a dar os primeiros passos, lhes vai dar luta.
Há dois anos, Filipa Ruas estreou-se num coro do festival, com Francisco Rebelo de Andrade, experiência que repetiu no ano seguinte, com Nuno Pinto e Nina Pinto. "Foi muito giro e, neste ano, estou a trabalhar com a mesma equipa", explica a cantora, mencionando, ainda, que foram essas pessoas que a viram "crescer como cantora e mulher". A grande diferença prende-se com o facto de, desta feita, "o peso nas costas ser muito maior". Em termos de ser a "segunda voz", a cantora não se limitava ao festival, uma vez que faz parte das cantoras que acompanham Marco Paulo. "Os coros são uma coisa que todas as pessoas deviam passar por fazer, porque é muito mais difícil do que qualquer pessoa pode pensar", ressalva. Para a artista é mais "meticuloso e exigente" estar nas backvocals, do que ao ser a protagonista da canção, como explica: "Como estou a cantar a solo, ouço-me a mim e ao instrumental e para mim está óptimo".
"Sobreviver" nos coros para brilhar a solo
Após ter sido convidada, em 2010, para fazer coro, Carla Moreno regressa, este ano, enquanto voz principal da canção 2. Relativamente a esta participação, diz sentir-se "orgulhosa e vaidosa" por estar a integrar o "mesmo rol em que já estiveram grandes cantoras", mas admite, também, que sente o peso da responsabilidade de estar a defender um tema seu.
Apesar de estar a gostar da experiência desta edição do festival, a cantora admite que "ser corista é muito mais complicado do que ser intérprete", uma vez que para o ser é necessário "cantar em uníssono e colar vozes". "Cantar a solo é muito mais fácil a nível técnico do que o trabalho dos coros", explica e acrescenta, ainda, que o trabalho das backvocals implica um grande respeito pela própria voz e pelas dos restantes elementos da equipa.
Carla Moreno defende, ainda, que todos os cantores deviam "passar primeiro pela fase dos coros". "Há muita gente que começa por ser cantor a solo e depois não sabe cantar. Os coros são uma escola", finaliza.
Estas artistas fazem ou já fizeram, portanto, parte das vozes secundárias de uma canção mas, apesar disso, apresentam-se sempre como um suporte fundamental, sem o qual as canções que conhecemos não teriam a mesma força.
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